Conselhos

Tenho bons motivos para não dar conselhos gratuitamente para algumas pessoas. Um conselho que se dá num momento ou de forma inoportuna pode e quase sempre é confundido com indiscrição ou intromissão, por mais que a intenção seja boa.Quando a pessoa a quem aconselhamos está ciente de sua falha ou de sua conduta errada é ainda mais delicado,pois aquela nem sempre confiável resposta: "eu sei o que estou fazendo." deixa implícita uma outra: "meta-se com sua vida! ". E assim o não falar nos poupa tanto do constrangimento de parecermos indiscretos, quanto do aborrecimento de uma discussão. E tem ainda mais um ponto que consideramos (pelo menos eu considero )ao apontar o erro alheio,o de que o outro também se dará a liberdade de interferir nos nossos assuntos sem convite; e é fato que temos lá nossas falhas. O grau de liberdade que temos com cada uma das pessoas do nosso circulo é que define o quanto podemos opinar,e o grau de importância que cada uma delas tem para nós ,define o quanto "devemos" opinar. Ora, se o indivíduo entra na minha casa e se me recebe na sua a qualquer hora e sem aviso, se compartilha comigo o que come e o que bebe, se conhece meus problemas e me fala dos seus...enfim, se me chama de amigo, que justificativa tem o meu cuidado e a minha omissão? Temos algumas vezes esta preguiça,que é coisa má, de entrar em confronto, mesmo quando estamos muito seguros da nossa razão;ou o medo,que também é coisa má ,de acuarmos o sujeito de tal forma que ele acabe por se afastar. Realmente uma conversa séria pode ser mesmo difícil e o distanciamento de quem tentamos ajudar pode até ocorrer. Mas haverão piores conselheiros do que a preguiça ou o medo? Tentei lembrar uma frase de Martin Luther King que fala sobre a omissão das pessoas boas diante das injustiças, e ao pesquisar acabei deparando com outra,também dele, ainda mais coerente com o assunto,e com ela eu finalizo: "No final não lembraremos das palavras dos nossos inimigos,mas do silêncio dos nossos amigos."