Valores
Daí você vê que não tem dinheiro pro ônibus. Corre na casa da irmã e pede uma grana.
"Mas se não tem dinheiro pro ônibus, vai comer o quê?" pergunta ela. E na hora prepara uma quentinha.
No "pinga", nada de luxo! mas os fones no ouvido fazem esquecer o desconforto da lotação máxima. A paisagem em movimento, a música... Eu olho para alguns rostos e ninguém parece tão feliz quanto eu. Com minha quentinha na mochila e o meu zero reais no bolso.
Eu não imaginava isto! É a primeira vez na minha vida adulta que mal sobra pra ceva. Mesmo assim tomo porres homéricos, porque os amigos não me deixam mal. Não falta churrasco, porque sempre um colega avisa: "Vem, porque a carne é por minha conta!" E sempre tem festas. Muitas! Canto, me divirto.Ganho dinheiro ou não ganho, mas vivo a noite, como sempre! Os amigos me apresentam com orgulho, como se eu fosse rico. Justo eles, que são o meu tesouro da vida toda, e minha maior fonte de créditos, atualmente! rsrsrs...
Eu pensei que iria sentir vergonha por ter sempre que optar pelo produto mais barato, por fazer o caminho a pé pra poupar uns centavos; mas não sinto. Não sinto cansaço. Meus passos são firmes e o meu sorriso é espontâneo.
Descobri que minhas pernas podem caminhar bastante, que minhas roupas velhas aguentam mais um pouco, que aquele tênis rasgadinho ainda tem conserto e que a coisa que melhor me veste não é a mais nova, mas aquela que vai me acompanhar por mais tempo. Descobri que sou bem vindo mesmo com as mãos abanando. Descobri que não tenho agora, mas posso conseguir. Sem desespero!
O que eu sabia bem certo, é que voltar a estudar agora seria uma aposta grande. Eu sabia, ou melhor: "eu achava" que seria difícil. Na verdade, está sendo uma aventura ótima!
Agora trabalho para aprender. E até me sinto meio estranho em considerar trabalho uma coisa que me traz prazer ao invés de preocupação. Acostumei com a crença operária de que trabalho de verdade tem que cansar, estressar ou, ao menos, sujar, senão não é trabalho.
E já nem sei bem como administrar estes quatrocentos pilas mensais da bolsa.
Nem sei direito o que fazer de um dinheiro pouco, que é incapaz de se contrapor ao grande VALOR que descobri neste novo caminho!
"Mas se não tem dinheiro pro ônibus, vai comer o quê?" pergunta ela. E na hora prepara uma quentinha.
No "pinga", nada de luxo! mas os fones no ouvido fazem esquecer o desconforto da lotação máxima. A paisagem em movimento, a música... Eu olho para alguns rostos e ninguém parece tão feliz quanto eu. Com minha quentinha na mochila e o meu zero reais no bolso.
Eu não imaginava isto! É a primeira vez na minha vida adulta que mal sobra pra ceva. Mesmo assim tomo porres homéricos, porque os amigos não me deixam mal. Não falta churrasco, porque sempre um colega avisa: "Vem, porque a carne é por minha conta!" E sempre tem festas. Muitas! Canto, me divirto.Ganho dinheiro ou não ganho, mas vivo a noite, como sempre! Os amigos me apresentam com orgulho, como se eu fosse rico. Justo eles, que são o meu tesouro da vida toda, e minha maior fonte de créditos, atualmente! rsrsrs...
Eu pensei que iria sentir vergonha por ter sempre que optar pelo produto mais barato, por fazer o caminho a pé pra poupar uns centavos; mas não sinto. Não sinto cansaço. Meus passos são firmes e o meu sorriso é espontâneo.
Descobri que minhas pernas podem caminhar bastante, que minhas roupas velhas aguentam mais um pouco, que aquele tênis rasgadinho ainda tem conserto e que a coisa que melhor me veste não é a mais nova, mas aquela que vai me acompanhar por mais tempo. Descobri que sou bem vindo mesmo com as mãos abanando. Descobri que não tenho agora, mas posso conseguir. Sem desespero!
O que eu sabia bem certo, é que voltar a estudar agora seria uma aposta grande. Eu sabia, ou melhor: "eu achava" que seria difícil. Na verdade, está sendo uma aventura ótima!
Agora trabalho para aprender. E até me sinto meio estranho em considerar trabalho uma coisa que me traz prazer ao invés de preocupação. Acostumei com a crença operária de que trabalho de verdade tem que cansar, estressar ou, ao menos, sujar, senão não é trabalho.
E já nem sei bem como administrar estes quatrocentos pilas mensais da bolsa.
Nem sei direito o que fazer de um dinheiro pouco, que é incapaz de se contrapor ao grande VALOR que descobri neste novo caminho!
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