43º Festival de Cinema. O Glamour e o Barro de Gramado


















  Foi a minha primeira vez no Festival de Cinema de Gramado. Acompanhá-lo assim, como repórter, uma alegria e uma honra. Obrigado Caderno 2 e UNITV!

  No  cerne do evento, a produção cinematográfica: a técnica, a crítica, a exposição. As maneiras possíveis de fazer cinema e os resultados alcançados por cada maneira. O  combustível que faz andar esta industria segue sendo a paixão do cineasta. É ela que impulsiona a busca pela captação dos recursos por muitos meios, mas principalmente através das leis de incentivo. Há uma  insistência pela manutenção e o incremento de tais leis e a cobrança constante de um esforço maior especialmente por parte do governo estadual.
  Os nossos filmes chegam às telas como as batatas chegam às feiras; onde tanto grandes fazendas quanto pequenas propriedades comemoram qualquer colheita em tempos de seca. O labor é sempre grande em qualquer dos casos e me chamou atenção como um projeto para um longa de menos de duas horas costuma levar anos para ser finalizado.Uma verdadeira epopeia. Falta dinheiro no país, como nunca, e falta dinheiro no cinema, como sempre. Mas o orgulho do cineasta é sua horta e não a sua conta.
   Nos curtas, a pluralidade é marcante. Para cada trabalho um caminho diferente e orçamentos desiguais. Eles exemplificam bem a luta que é fazer arte no Brasil. Da produção latina não me sinto capacitado a falar - uma falha que corrigirei -, mas imagino que não seja muito diferente.
   Mas há um outro festival em gramado que, ou desconhece ou ignora a crise. Numa conversa casual com a secretária de cultura, descobrimos que o comércio viveu o melhor mês de Julho dos últimos anos e tudo indica que agosto repetirá o bom desempenho. Gramado é em qualquer data, uma cidade sofisticada. Nesta semana de festa , ela é o Glamour vestindo roupas de gala. A gente que vem para trabalhar leva um susto. Pagar caro é a regra.  Nesta época, o rico quer se sentir rico e pagar muito por qualquer serviço, ajuda. Mas vá lá!, isso faz girar a economia local, então é bom. Vi muita gente realmente linda (coisa comum na nossa serra) e gente extremamente produzida. Percebi pouca gente que destoasse dessa atmosfera. Eu era uma delas, é claro; mas não me incomodou a distinção. O barro nos meus pés (literalmente eu tinha) me lembra dos caminhos por onde passei. E os festivais têm disso: cada um traz um pouco do seu barro pro tapete vermelho. A fantasia do Glamour é pro povo. Dos artistas me chamou atenção a humanidade e simplicidade; o barro.
   Mas a nós tudo interessa. O fantástico e o simples. A arte e a política na arte. Vemos beleza nos discursos, mas não ignoramos a beleza das roupas. Faz sentido, pois cinema é alma, mas também é figurino. É ostentação e também falta de recurso.
   Existe muito para se dizer do festival e eu ainda estou buscando melhores adjetivos, mas por agora digo apenas que é uma celebração em que vale a pena estar, e mesmo ainda estando digerindo os acontecimentos desta, eu certamente tentarei garantir meu lugar na 44ª edição, com um pouco mais de aprofundamento. De repente até visto um terninho.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Sobre as catástrofes naturais...

Vamos cuidar uns dos outros!