Quem me conhece há mais tempo já deve ter me ouvido mencionar em alguma dessas conversas, sobre a certeza que eu tinha, enquanto jovem, de que iria morrer cedo. Eu não sei em que ponto da infância tomei conhecimento razoável do que era a morte. Me lembro bem é dos efeitos que tal consciência causou. Em primeiro era um temor. Pensar na mortalidade de quem eu amava, me apavorava. Todo abraço que eu dei na minha mãe durante um período da infância tinha um quê de medo e desespero. Se eu a apertava forte era por ter descoberto que um dia a perderia. O outro efeito é mais estranho e menos natural, especialmente para uma criança; pois eu senti sinceramente que não viveria muito. Eu era tão frágil e o mundo era tão poderoso.Todos pareciam tão adequados e tão bem preparados para enfrentar uma vida longa, mas eu não. Eu não suportaria!, nem a perda, nem o fracasso, nem o julgamento e nem tudo isso que a vida, inevitavelmente, é. Eu confiei tanto nesse instinto que passei a v...