Pleno


Me desperta um uivo na noite!
É a matilha que me chama
para adorar a lua que me banha em prata.
O velho leão dourado ainda vem longe
trazendo o dia nas presas...
Eu coloco a mochila nas costas
e o lar para sempre me perde!

Aceito o convite da vida 
com sede de som e de poesia
Aquece-se o sangue em minhas veias,
eu sacudo a neve das asas e salto
desenhando, num voo ligeiro,
sombras passageiras 
sobre os tetos dessas casas ocas.

Desperta mundo e vem me ver, magnífico, cruzar os ares!
Eu sou o nobre Ícaro 
e hei de queimar feliz nesse fogo.

Eu ouço o tropel e persigo a manada;
Há um caminho marrom traçado 
sobre o manto verde que cobre a terra,
sob ele, dormem em segredo as florestas do futuro.
Eu sou o corcel veloz 
e com os meus irmãos eu corro,
seduzido pelo horizonte que é o meu alvo...
Enamorado do vento que lambe minhas crinas, 
sinto a delícia e o êxtase do existir!
Elevo-me ao infinito...
onde toda a estrela do firmamento
é joia em minha coroa
Tenho por trono uma rocha qualquer 
e o universo me faz reverência!

Que eu seja, sem culpa,
verso para a prosa 
e letra para a música.
Que eu seja o tema para 
todos os carnavais que virão.
Que eu seja o herói da minha história
 e o rei da minha vida.

E que os dias se sucedam num ciclo intenso
com estardalhaço e graça!
como espuma branca de ondas barulhentas
Que se desmancham sobre os rochedos 
lhes emprestando o brilho.
Que eu não desperdice nenhum sentido!
Nenhum sentimento!
Que eu me sinta enlouquecido e abençoado...
 Embriagado de sensações...
Extasiado pela breve aventura que existe
entre o nascer e morrer!





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