Labirinto

  Acho que harmonia é o ideal da existência. E sendo assim, é também o ideal de qualquer relação interpessoal... em diversos níveis. O mais coerente é crer que a harmonia seja um ponto em que se chegue através da evolução, da expansão do conhecimento e do alcance da verdade. A verdade sobre as coisas e sobre as pessoas.
   Percebo então que a harmonia como ideal da existência (felicidade, se preferir), pode  ser  o resultado obtido quando trilhamos sem desvios por um um caminho reto, que descarta mentiras, ilusões, confusões e enganos.
   Milhares de fatores podem se colocar entre o lugar em que estamos e um ponto harmônico. As principais delas, as mais comuns ao nosso cotidiano, são tão óbvias que chegam a ser manjadas: o preconceito, a ignorância, a mentira, a ilusão. Estes vilões bem conhecidos que levam ao desapontamento, desconfiança, medo.
   O quê nos leva a estranhar o outro e a nós mesmos? Ideias mentirosas ou verdades muito simplificadas? Talvez não haja diferença entre ambas.
  Tô pensando nisso, enquanto leio um texto (mais uma texto) que critica mais um BBB. Estes textos sempre analisam alguém como se a exposição de suas reações, confissões, jeitos ou trejeitos de uns poucos dias, fossem capazes de determinar que tipo de pessoa alguém é. Estamos encaixando as pessoas em estereótipos. Estamos querendo entendê-las e conhecê-las em takes e dizer firmemente quem é o quê. Estereótipos são ruins por isso. Conceitos criados rapidamente são ruins por isso. E a gente ainda estranha o fato do vilão de repente virar herói e vice-versa. Mas é claro! podemos ser ambos e podemos ser tudo. Nesta construção formada por tantas coisas, em algum ponto, se solidifica o que somos em essência. Mas essência não se aprende em julgamentos rápidos, pretensiosos, arrogantes e invariavelmente equivocados.
  A essência de alguém é uma coisa que talvez se possa compreender ao longo de uma vida de observação. Ou talvez nem mesmo assim. Mas fica claro para mim que não se pode compreendê-la por qualquer frase. Qualquer atitude. Qualquer reação ou mesmo qualquer intenção! Quem faz isso, quem tenta apontar o dedo para o outro julgando compreendê-lo não conhece nem a si mesmo. Pois sendo humano, ignora o quanto o ser humano pode ser confuso. Luz e treva.
   Quem vê as pessoas em duas dimensões, sem a mínima profundidade, é porque nunca ousou sequer explorar o mundo dentro de si mesmo. Não sabe que alma, a alma é um grande labirinto.


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