As pessoas perfeitas e suas mãos cheias de pedras.

Acho que seria muito insensível da minha parte não sentir remorso de vez em quando. Acho que seria muitíssima vaidade minha dizer que eu não teria feito nada diferente.
    Do mesmo modo, seria simplista demais dizer que está tudo certo desde que eu aprenda com os meus erros.
    As coisas são mais profundas do que isso. E mesmo sendo um julgador severo de mim mesmo, eu posso aceitar que, embora eu seja capaz de compreender as minhas falhas, a minha sabedoria nem sempre tem a velocidade para se antecipar aos  meu atos. Sou bom sim; apenas não sou sábio o suficiente.
 Parece cômodo, não é? Aceitar o quanto sou falho e usar isso como argumento para justificar todas as coisas condenáveis que já fiz. Mas isso só seria cômodo se eu fosse mau... mas eu não sou! Embora seja tremendamente falho, terrivelmente instável e irremediavelmente imperfeito.
 Eu desenvolvi esta espécie de dom para o perdão e, cedo ou tarde, perdoo tudo. Não porque sou bom, mas porque percebi o quanto eu posso ser equivocado, precipitado e impulsivo. Eu precisaria me sentir muito infalível para não perdoar o outro ou a mim mesmo.
    Eu gostaria que as pessoas parassem de sentirem que são tão perfeitas. Eu queria que elas fossem capazes de demonstrar empatia com quem erra mas se arrepende. Queria que as pessoas pensassem nos seus próprios momentos de crise e percebessem que se elas evoluíram dali o outro também pode ter sido capaz.
    Nós somos a soma de tudo que vivemos. E embora soe estranho, somos mais fortemente marcados por nossas tragédias ou por aquilo de feio que fizemos. Isso nos molda, entende? Mas não devemos estar assombrados pelo passado. O passado não deve ser medida ou a balança pras coisas de hoje. No máximo um referencial.
   Não sei se fui claro! Apenas acho que as pessoas devem ser um pouco mais empáticas com aqueles que já compreenderam seu pecados. Não há necessidade de castigar a quem já se arrependeu e já se puniu. A Bíblia tem uma metáfora interessante sobre isso: fala da pecadora Maria Madalena que seria apedrejada, mas que por intervenção do Cristo foi poupada, quando o salvador questionou quem entre os agressores dela estava sem pecado. A passagem é famosa, mas parece que não foi bem absorvida. Pois as pessoas vivem sim errando, mas apontam e condenam mais fortemente só o erro do outro. A diferença é que agora não há um Cristo para interceder. Há só uma multidão se julgando sem pecados, ansiosa por condenar e com as mãos cheias de pedras.

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