A Diferença

Foi no final de 2016, na nossa confraternização de fim de ano lá no Mystic Bar. O Rodrigo Warzak, amigo de longa data, como todos que estavam lá, falou no meio de uma conversa: "...2017 vai ser ainda mais difícil. Tu tem que continuar escrevendo!". "Como assim?" eu perguntei. As pessoas, me explicou o Warzack, precisam ler mais coisas como as que tu escreve. 
Repeti essa conversa em algumas ocasiões porque fiquei orgulhoso. Orgulhoso por saber que para alguém faz diferença ler algo que eu publico. Orgulhoso por saber que para alguém o fato de eu escrever já é capaz de alguma ajuda. Coincidentemente, 2017 começou sendo o ano em que eu menos tive possibilidades de me expressar por meio da escrita. Agora já estamos em junho e ainda parece difícil parar para escrever qualquer coisa mais embasada ou mais refletida sobre qualquer dos muitos assuntos relevantes que estão aí no nosso cotidiano. Não que eu não queira, mas a vida tem períodos turbulentos. Estou agora mesmo chacoalhando no meu assento enquanto a vida dá loops em pleno ar. A verdade é que os textos mais longos que eu escrevi neste período foram para rebater alguma opinião ou fortalecer alguma posição filosófica ou política minha. Foi bate-boca mesmo. Não que eu ache que a gente deva evitar o debate. Nunca. Da discussão nasce a luz! Infelizmente nem todas as pessoas conseguem discutir com educação e eu mesmo tenho dificuldades em digerir o argumento do outro sem já ficar arquitetando uma resposta (cresce Velto, CRESCE!), mas hoje, usando um tempo que vai me fazer falta, pois eu deveria estar fazendo um outra coisa, eu abri aqui o Face e vi umas série de postagens bizarras. O teor destas postagens na minha Timeline me pareceu um retrato da pobreza de espírito das pessoas nestes dias. Coisas violentas sendo postadas como entretenimento. Coisas humilhantes sendo compartilhadas com tom de comédia. Coisas inadmissíveis sendo expostas como triviais...
É isso o que são as redes sociais agora? São essas as coisas que as pessoas querem postar e querem ver postadas? Eu acho que não. Ou, ao menos, eu acho que não somente isso.
A gente ainda quer ler poemas ( postem aí os seus favoritos.Completos!). A gente ainda quer ter notícia de quem tá bem e feliz. Não fiquem com receio, pois tem gente que se alegra sim com o a nossa alegria. A gente quer ver muita foto de beijo e abraço, criança, gato, cachorro, paisagem, declarações e relatos das amizades e corações aos milhares. Acho que quem prefere gastar o tempo amando e não odiando, tem menos vontade ou tempo de postar nas redes. Mas sinto que é importante compartilhar o bom sim (o que o Warzack disse me ajudou na compreensão disso). Algumas vezes a gente vai comprometer algum tempo, mas se a gente vê tanta amargura por aí e se a gente tem nas mãos (ou palavras , ou gestos) um bocado de açucar pra jogar por cima, devemos jogar.
Então esta postagem, finalmente, é pra dizer que eu tenho vivido coisas boas e conhecido pessoas lindas; que tenho renovado o amor por aqueles que não tenho visto e tenho criado uma noção mais clara do quanto valorizo o que eu tenho...que o mundo é mais bonito do que eu deduzia; que o amor verdadeiro ainda há de vir; que eu tô aprendendo a discordar sem mágoa, a desapegar sem dor e a sentir sem culpa...
Esta postagem é pra dizer que ainda temos cartas na manga e que o mundo tem jeito, que o país tem solução e que a mudança será inevitável se os bons não se calarem. E que os bons estão se reunindo. Esta postagem é pra pedir pra ninguém perca a fé no outro, porque o outro para os outros somos nós. Sejamos dignos e inspiradores.
Esta postagem é pra dizer, Warzack, que agora eu entendo sim o que tu me dizia aquela noite. Que eu entendo a missão. Que muito me honra! E que se fizer diferença pra ti, pra mim, pra mais duas pessoas, já tá valendo!
Sigo escrevendo.

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