Uma tristeza só minha

 Comecei o texto assim:
"Basta uma noite um pouco mais fria e a minha tristeza..."; parei. Reli e apaguei o "minha". Reiniciei: " Basta uma noite mais fria e a tristeza...";  parei novamente. Li mais uma vez e percebi que a primeira versão era a mais coerente, pois o sentimento, este que só eu conheço e sinto, merece o pronome. Já que a tristeza, a "minha" tristeza é tão pessoal e intrínseca à minha personalidade e tão nascida das minhas vivências que eu não posso identificá-la com toda e qualquer tristeza. Acho que a tristeza é um nome genérico para muitas sensações, mas só eu  sei o que me pesa nos ombros e o que  me drena a alegria que, no meu entender, é a mente no estado saudável e o espírito no estado de paz. Só eu sei a dor de amar quem não me ama e de não ter o que desejo e de não entender o que me falta. Só eu sei o tamanho da minha saudade e intensidade do meu desespero, do meu abandono... Minha impotência, meus arrependimentos e pesares, minhas falhas.
 Todo ser humano que já viveu experimentou um ou todos estes sentimentos; mas cada um habita a sua própria treva. Não há empatia que faça outro gemer a minha dor, ainda que sofra comigo. ]
   A alegria parece ter sempre algo de comunhão ou encontro. A tristeza já é mais exclusiva, íntima... e parece aninhar-se melhor na solidão.

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