A ONDA
Vemos crescer lenta e constantemente uma onda de ódio. A sua sombra já nos cobre. O ódio já se ergueu além dos prédios e chega à altura das colinas. Eu vejo esse muro massivo de intolerância diante de nós. Dentro deste mar, os tubarões espreitam. Vejo rostos ferozes do outro lado, proferindo ofensas, xingamentos. É a onda que veio lavar o mundo de nós: os desajustados, os anormais, os marginais, os ilegais, os não cordatos, os não evangelizados, os não politizados, os sexualizados, os selvagens...
Somos a última tribo e precisamos ser civilizados ou extintos.
Será que seremos exilados, aprisionados ou massacrados novamente? Fugiremos pro alto dos morros ou pro fundo dos guetos? e como a história chamará este novo holocausto? Que insignia terão os homens de bem na caça às bruxas dos nossos tempos?
Eu sei é que essa onda cresce, com velhos discursos e novas siglas. A represa ainda resiste, mas por quanto tempo? Por quanto tempo o bom senso, a compaixão, a empatia e a bondade podem dialogar num pleito onde todos gritam?
Acho que logo a represa rompe e a onde virá arrastando muitos de nós... Mas nunca todos! Entre nós existem gaivotas e golfinhos...
Ainda surfaremos nessa onda que tenta nos afogar.
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