You are a mess

 

"Você é uma bagunça", me disse um amigo no outro dia, após tentar entender que rumo eu vou tomar na vida ao voltar pro Brasil.
 "You are a mess", foi exatamente o que ele falou ao concluir que meu plano não segue uma linha objetiva ou nem mesmo parece um plano, na verdade.
  Eu ri. Não me senti ofendido e tão pouco orgulhoso. Apenas me divertiu perceber que alguém é capaz de me simplificar ao ponto de me enquadrar com perfeição numa só palavra. Logo eu, que me pretendo tão misterioso e complexo.
  Como eu falei antes, não senti orgulho, mas senti sim uma certa satisfação.
  Saber alguma verdade inquestionável sobre nós mesmos é algo poderoso mesmo qie não seja bonito.
 E eu realmente sou isso.
 Pensando agora, mesmo na infância a minha vida já não andava muito nos trilhos. 
  Sou mais um como tantos outros (incontáveis outros, eu diria) que crescem tentando encontrar um chão firme para cravar raízes enquanto lutam para ajustar sua existência a um mundo que parece ser sempre mais projetado para felicidade dos outros do que para a nossa. 
Para algumas pessoas as coisas parecem se encaminhar como em um roteiro e isso eu honestamente invejo. Invejo essa qualidade cada vez mais rara de quem desenha o esboço do que quer da própria vida e depois só segue o projeto, sem desvios. Eu não sou capaz de fazer o mesmo. 
 É da minha natureza estúpida e inquieta querer a surpresa, o inesperado... o não usual. O problema é que essas coisas que eu quero sem saber onde estão, sem saber sequer o nome, são como unicórnios, difíceis de encontrar....mas não impossíveis. Eu mesmo já tive minha porção de magia, alguma aventura e surpresa. Já vivi o inusitado simplesmente por não ter aceitado o convencional.... em pequenas doses, é verdade; mas pude entender a partir de então que meus interesses estão, talvez infelizmente, nos lugares onde ninguém nunca sugeriu que estariam e que ainda sim eu devo seguí-los.
 O resultado da soma destes anseios, incertezas, desejos, aspirações sou eu... e aquilo que meu amigo definiu tão sabiamente como "bagunça".
  Claro que eu considero a crítica e me importo. Não sou leviano. E claro que eu trabalho pra manter alguma harmonia no caos... mas me perdoo por ser como sou; pois reconheço que o que me sacode, me desconcerta e mesmo assim me move, é quase sempre o amor! E o amor é bom, não é?... Mesmo que ele bagunce um poucos as coisas. Mesmo que ele me tire do meu centro. 
 Pois antes de tudo, ele me impulsiona, como um vento forte na vela de um barco. Desde que ele me leve para um bom lugar, desde que me guie, não importa muito alguma bagunça que possa acabar fazendo pelo caminho. Afinal, pra que serve um vento forte se não para tirar algumas coisas um pouco do lugar?

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