A Queda do Falcão.

Eu vi um falcão despencar do céu.
Eu reclamei com o vento:
"Vento cruel, para que machucar o meu falcão?"
Eu disse "meu falcão" mas eu não o possuo. Quem possui falcões são falcoeiros, que aprenderam a amar dominando e a cuidar prendendo - como quase toda pessoa que conheço.
Mas eu não sou falcoeiro. Eu não domino. E o que me faz amar os falcões é justamente sua liberdade.
Mas o céu é imenso e voar tem seus riscos. Quanto mais céu, mais riscos.
Eu vi meu falcão despencar do voo mais feliz... Eu nada pude fazer.
Eu não o vi ao chocar-se ao chão;
eu já o vi caído e de asas quebradas, piando um pio de dor.
Eu chorei também, como se doessem minhas próprias asas.
Eu o juntei e o tenho cuidado.
Suas asas se curam devagar, mas seus ossos e penas se recompõem fortes...
A natureza de seu corpo e sua própria vontade é que sabem o tempo de cicatrizar e não eu.
E eu já o vejo ensaiar uns movimentos. Suas penas querem de novo enfrentar o vento que já o derrubou. Que assim seja!
Falcões são feitos para o céu e seus riscos e não para a segurança do braço falcoeiro.
Mesmo com o coração na mão, eu voltarei a ver meu falcão voar livremente...
Ele talvez caia de novo! Mas não é triste o falcão que cai. Triste é o falcão que não voa.




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